domingo, 10 de outubro de 2010

TORMENTA

Pousa.
Volta a pousar os teus sonhos,
Descansa os teus anseios
Na ilusão efêmera de devaneios,
Mas, pousa-os na branda paz do amanhecer.
Devassa-te na tua intimidade misteriosa,
Mas vá. Siga em frente,
Sem te deixares levar pelas torrentes.
Não é preciso que escancares a porta,
Mas, que voltem a falar teus sonhos,
Que possam retornar teus cantos.
E que não se perca pelos caminhos,
A brandura cálida dos teus encantos.
Lá fora chove. Tudo chove,
Mas no peito amante, há algo mais que dor:
Amor, independentemente do que está no oposto.
O peso que te pousa aos ombros,
Não são escombros, tormentas,
Mas a cruz clamada pelo herói
das noites ávidas de tempos idos.
O balanço do vento a te agitar o íntimo,
é apenas o impulso a lhe firmar os passos.
Passa, mas pousa.
Não na penumbra triste do anoitecer,
Mas em ti mesmo, na tua consciência.
E na certeza de que irá vencer.
Seja o cavalo alado, o tufão, o Eros,
O que quer que seja, mas pousa.
Vem... Pousa com calma...
Pousa... Isso... Pousa.

Elvarlinda Jardim, Cantatas de Palavras.

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